uma jornada de experimentações

experimente a Travessia de Impacto Coletivo: Transformando Comunidades, Moldando Futuros!


A United Way Brasil tem a honra de apresentar a Travessia de Impacto Coletivo, um espaço virtual repleto de diálogo, reflexão e descobertas sobre a poderosa metodologia do Impacto Coletivo. A Travessia é o epicentro deste encontro, reunindo líderes dos três setores: organizações da sociedade civil, acadêmicos, formuladores de políticas públicas, empresários, ativistas e visionários.

Nossa missão é clara: impulsionar transformações profundas e promover o potencial dos territórios, com a equidade racial como valor central, focando nas novas gerações do Brasil. Acreditamos que a metodologia do Impacto Coletivo é a alavanca para transformações socioambientais sistêmicas e sustentáveis.

A #TIC é o hub de conteúdo proprietário da United Way Brasil, reunindo nosso vasto acervo sobre Impacto Coletivo. Aqui, você encontrará:

  • Artigos inspiradores que exploram a gênese do Impacto Coletivo e sua relevância no terceiro setor.
  • Entrevistas reveladoras com líderes que estão moldando o futuro das novas gerações.
  • Webinários enriquecedores que discutem processos colaborativos, tendências do investimento social privado e muito mais.

Neste NÚCLEO DE EXPERIMENTAÇÕES  você avançará para uma fase de exploração prática. Descubra uma diversidade de casos de sucesso, demonstrando soluções replicáveis e escaláveis para desafios socioeconômicos e ambientais complexos. Aprofunde-se em artigos sobre a equidade racial como foco central. Participe de webinários que exploram a filantropia colaborativa, colaboração em tempos de crise e experiências transformadoras.

Participe da Travessia de Impacto Coletivo e faça parte da mudança! Este é o momento de agir e moldar um futuro brilhante para todos, a mudança começa aqui. Experimente a TIC e fique por dentro sobre como você pode fazer a diferença!

SINOPSE: "Priorizar a Equidade no Impacto Coletivo: atualização e aprendizados"

Impacto Coletivo e a Equidade Racial

Mediada por Marcelo Rocha, fundador e diretor-executivo do Instituto Ayíka, o primeiro painel trouxe o conceito impacto coletivo revisitado, com a inclusão da equidade racial como pilar da metodologia, nas vozes de seus criadores, John Kania, pesquisador, diretor-executivo do Colletive Chang Lab, um dos autores da metodologia impacto coletivo e do artigo “Priorizar a equidade no impacto coletivo”, e Junious Williams, diretor do Junious Williams Consulting, Inc. e conselheiro sênior do Colletive Impact Forum, também um dos autores do artigo revistado.

John explicou que a ideia de estruturar a metodologia veio da percepção de que muitas organizações trabalhavam pelas mesmas causas, mas de forma independente, com seus financiadores. Os resultados muitas vezes eram mínimos e/ou descontinuados. A metodologia traz essa visão colaborativa e horizontal, juntando todo mundo em um ecossistema articulado e organizado. Com o tempo, perceberam que os avanços sociais das iniciativas de impacto coletivo ainda eram tímidos e que faltava um ingrediente essencial: a equidade, especialmente a racial, que precisa estar presente em todas as etapas que compõem uma ação baseada no impacto coletivo. Por isso, o artigo original, lançado há dez anos, que definia o conceito da metodologia, foi reescrito, incluindo a equidade racial. “Percebemos que o processo é tão importante quanto o produto, portanto, o impacto coletivo envolve trabalhar em escala e isso exige um aprofundamento do conhecimento e da definição do que representa. Evoluímos nessa definição, agora mais apropriada, que pode levar à equidade e à justiça no mundo”, afirmou John.

Junious chamou a atenção para a questão da equidade na prática: “Tem uma diferença entre incluir e pertencer. Quando eu incluo, eu tenho uma mesa e convido você para a minha mesa. Não mudo nada porque a mesa é minha e você é um visitante. Esse é um problema estrutural das sociedades, dos sistemas que foram construídos sem equidade. Mas não é suficiente ser convidado para uma mesa que não foi estruturada pensando em mim ou em outras diversidades da população. Isso é incluir, não é pertencer. Pertencer significa que eu te convido com a proposta de cocriar uma mesa que vai funcionar para todos e é isso o que a gente quer dizer com pertencer. É fundamentalmente importante porque se todos os grupos interessados, todos os stakeholders, não forem engajados desde a concepção, o projeto é ilegítimo e não vai funcionar para o benefício de todos os grupos, então tem a ver com representação, tem a ver com quem está sentado à mesa, tomando as decisões para a equidade”.

Marcelo contextualizou o cenário brasileiro, especialmente no que diz respeito às lideranças. “No Brasil, a gente tem uma população com 50.7% de pessoas negras e 70% da população mais pobre é majoritariamente negra. Esses dados se relacionam com essa questão da estrutura social, de quem ocupa os lugares de lideranças, os espaços estruturais da sociedade. Ver um jovem negro da minha idade, dirigindo uma organização é uma coisa completamente rara no nosso país”.

Para Junious, os padrões de discriminação tiraram das pessoas negras as oportunidades de exercerem a liderança. “Precisamos ter certeza de que estamos investindo na geração atual de líderes e nas próximas gerações também para termos sistemas e estruturas que ajudem negras e negros a desenvolverem suas habilidades de liderança. Haverá sempre líderes visíveis, mas a gente sabe que liderar até movimentos menores também é crítico, é preciso ter uma continuidade de pessoas que vão se tornar líderes dessas lutas”, reforçou. 

SINOPSE: "Priorizar a Equidade no Impacto Coletivo"

Uma década aplicando a abordagem de impacto coletivo para lidar com problemas sociais nos ensinou que a equidade é fundamental nesse processo.

Ao nos comprometermos em priorizar a equidade nos deparamos, antes de mais nada, com entendimentos inconsistentes acerca de seu significado. Entre muitas definições alternativas, cada uma dotada de suas próprias virtudes, a que achamos mais útil vem da Urban Strategies Council, organização de pesquisa e defesa: “Equidade é a imparcialidade e a justiça alcançadas por meio da avaliação sistemática das disparidades em oportunidades, resultados e representações e a reparação [dessas] disparidades por meio de ações direcionadas”4. Essa definição mostra as necessidades de muitos grupos e populações diversos que atuam diariamente sob restrições estruturais que, há gerações, restringem sua capacidade de prosperar, resultando em marginalização e opressão severas e conjuntas, independentemente do lugar do mundo em que vivem. Apenas quando os esforços de impacto coletivo se dedicarem a compreender quem foi marginalizado e por que e como eles estão vivenciando a marginalização e, após tais investigações, adotarem uma ação direcionada para criar políticas, práticas e instituições que abordem iniquidades atuais e históricas, só então essas comunidades irão se libertar para atingir todo seu potencial.
A seguir, nos concentramos na equidade racial, uma vez que pessoas negras são, frequentemente, mais marginalizadas estrutural, institucional e interpessoalmente nos Estados Unidos e em muitos outros países5. Contudo, acreditamos que focar na equidade racial também nos permite apresentar estruturas, ferramentas e recursos que podem ser aplicados em outras áreas sujeitas a marginalizações — pessoas com deficiência, orientação sexual, gênero, classe, casta, etnia, religião etc.
Explorar a marginalização das pessoas, dentre uma variedade de identidades, pode também abrir espaço para a adoção de uma abordagem interseccional6 do trabalho, reconhecendo que aqueles dotados de múltiplas identidades (por exemplo, mulheres negras) encontram-se, muitas vezes, em situações mais difíceis que os demais. Nós incentivamos os profissionais a examinar dados locais e a ouvir as experiências das pessoas em suas comunidades para compreender quais populações são, sistematicamente, deixadas para trás e, então, trabalhar com as marginalizadas para adaptar as estratégias compartilhadas aqui a fim de melhorar suas vidas.
Devido ao aumento da atenção dada à equidade racial nos dias de hoje, provocado, em parte, pelo assassinato de George Floyd em maio de 2020 e por inúmeras outras vítimas de violência de cunho racista, o impacto heterogêneo da Covid-19 nas pessoas negras e o reconhecimento cada vez maior das consequências nefastas do racismo estrutural enraizado por toda a sociedade, nosso foco intensificado em equidade não será, para a maioria, uma surpresa. O desafio que nós e muitos outros enfrentamos, porém, é como colocar a equidade no centro da prática do impacto coletivo. Com este artigo, esperamos oferecer orientações específicas e práticas para os participantes de iniciativas de impacto coletivo, mostrando a eles o que precisa ser mudado em seu trabalho para que consigam atingir seus objetivos.
Em particular, acreditamos que priorizar a equidade exige repensar os fatos que aparentemente definem o problema, reconhecendo que populações marginalizadas dentro de qualquer comunidade têm experiências muito diferentes daquelas de muitos indivíduos e organizações que trabalham para ajudá-las. Como pessoas de fora, nós, frequentemente, não sabemos o suficiente para sermos úteis ou eficazes como deveríamos e, por isso, precisamos primeiro conversar, ouvir e aprender.
Também reconhecemos que o impacto coletivo tem eficácia duradoura apenas se voltar-se para a mudança de sistemas subjacentes, não apenas para o acréscimo de programas ou serviços novos. Colocar o foco na equidade exige uma representação diversificada mais ampla em cargos de liderança e em estratégias para mudar o poder, de modo que os detentores do poder formal – nos Estados Unidos e em boa parte do mundo ocidental, principalmente pessoas do sexo masculino e brancas – sejam capazes de se envolver com a comunidade, ouvi-la, compartilhar seu poder e, ainda, agir de acordo com sua sabedoria. Por fim, todos os envolvidos devem reconhecer e assumir a responsabilidade de seus papéis na perpetuação e na correção das iniquidades – um processo de mudança interior que, muitas vezes, é ignorado.

SINOPSE: "Impacto Coletivo na prática e seus resultados"

Experiências de lideranças femininas sobre os desafios da metodologia em diferentes contextos

O painel “Impacto coletivo na prática e seus resultados” foi mediado por Jennifer Splanksy, diretora-executiva do Collective Impact Forum, e contou com as presenças de Liz Weaver, co-CEO do Tamarack Institut; Paulina Klein, do Impacto Coletivo para pesca e aquicultura do México; e Amy Ahrens, vice-presidente de Parcerias de Impacto Coletivo da United Way.

O objetivo dessa conversa era tangibilizar a teoria sobre impacto coletivo em ações concretas. Liz Weaver apresentou a experiência do Tamarack Institute, cujo objetivo é a redução da pobreza no Canadá. Uma ação que já completou 20 anos e que partiu de iniciativas que pudessem transformar a maneira como os canadenses olhavam para essa questão. Para dar conta de um longo e robusto processo, três organizações assumiram a coordenação das estratégias e, atualmente, 300 comunidades são beneficiadas pelos resultados do impacto coletivo.
Uma das partes fundamentais dessa equação complexa foi promover a colaboração transetorial para atuar em diferentes segmentos e garantir oportunidades às populações mais pobres. Foram mobilizados os diversos níveis de governo, empresas, instituições e organizações filantrópicas, em um trabalho coletivo.
“Quando começamos, em 2000, o índice de pobreza de nossa população era de 15%. Queríamos diminuí-lo. Hoje, essa curva está caindo e passamos para a etapa de erradicação da pobreza nos próximos 10 anos”, explicou Liz.
As ações para conter e acabar com a pobreza envolvem a área de transporte, habitação (com um investimento de 55 bilhões de dólares em políticas de moradia), educação, saúde etc. O “pulo do gato” foi identificar as prioridades dos territórios e pensar com eles soluções para contemplá-las. “Criamos uma rede formada pelas comunidades, que se mantêm conectadas. Aproveitamos o que já existia de bom nessas comunidades e trabalhamos a partir daí”, reforçou.

Atuar coletivamente, envolvendo todos os níveis

Em Salt Lake City, no estado de Utah (EUA), a atuação da United Way foi essencial para entender o que, de fato, as comunidades estavam vivenciando e como as ações impactavam positivamente ou não. “A gente via uma desconexão. De um lado, a situação ruim das comunidades e de outro as pessoas dizendo que os resultados das ações do programa social eram maravilhosos”, comentou Amy Ahrens.
Então, foi necessário ir aos territórios para ouvir essas populações. Fazer parcerias com as instituições locais. Hoje, a United Way mantém uma rede de 40 escolas para discutir com os profissionais, as famílias e os alunos as questões que afetam o aprendizado e a permanência na sala de aula, por exemplo.

Também reuniram dados sobre o que desejavam mudar e como medir resultados qualitativos para avaliar se o que estava sendo feito realmente trazia benefícios e avanços aos públicos-alvo. Outra ação realizada foi convidar nove líderes comunitários para desenhar estratégias que garantam a empregabilidade de jovens em situação de vulnerabilidades, assim como a formação de grupos formados por pessoas dos territórios em torno de um objetivo específico, por exemplo, o aumento da taxa de estudantes que concluem as etapas de ensino. Com esse ponto comum, todos passaram a se dedicar e a desenhar estratégias capazes de transformar as comunidades a partir de uma educação mais qualificada. “Para que as mudanças aconteçam, é preciso trabalhar com atores de todos os níveis relacionados a uma determinada questão a fim de que persigam, coletivamente, resultados equitativos, sempre com base em dados, indicadores e metas comuns”, reforçou Amy.

Atuação nacional para enfrentar um desafio de todos

Fortalecer o setor da pesca e aquicultura é um propósito do México, já que essas atividades têm importante papel na economia do País e afetam, também, questões relacionadas ao meio ambiente.
“Nesse setor existem muitos conflitos que envolvem diferentes atores, desde os que trabalham na governança nacional e local até pescadores, produtores e moradores das comunidades. Além disso, temos de cuidar dos impactos na natureza”, elucidou Paulina Klein. A preocupação em manter um equilíbrio levou algumas organizações sociais a se juntarem e convidarem outros setores para um amplo diálogo e um trabalho multissetorial.
Vários avanços têm sido celebrados, como a criação de recomendações e estratégias para as comunidades pesqueiras sobre a preservação do meio ambiente, assim como a elaboração de procedimentos de inspeção e vigilância para o combate da pesca ilegal. Paulina acredita que um dos aspectos determinantes para o sucesso e a manutenção desse trabalho, a partir da metodologia de impacto coletivo, foi a construção de relações de confiança. “É isso que mantém as pessoas compromissadas e mobilizadas, querendo saber e fazer mais, mesmo após quatro anos de implementação da inciativa”, relatou.

SINOPSE: "Canalizando a Mudança: Fazendo o Trabalho de Impacto Coletivo"

Uma análise aprofundada de como organizações de todos os tipos, atuando em diversos ambientes, estão implementando uma abordagem de impacto coletivo para resolver problemas sociais em larga escala

Três condições devem ser estabelecidas antes de lançar uma iniciativa de impacto coletivo: um campeão influente, recursos financeiros adequados e um senso de urgência para mudança. Juntas, essas pré-condições geram a oportunidade e a motivação necessárias para reunir pessoas que nunca trabalharam juntas em uma iniciativa de impacto coletivo, mantendo-as até que o ímpeto da iniciativa tome conta. O fator mais crítico, de longe, é um campeão influente (ou pequeno grupo de campeões) que lidera o respeito necessário para reunir líderes intersetoriais com nível de CEO e manter o seu engajamento vivo ao longo do tempo. Temos visto consistentemente a importância da liderança dinâmica em catalisar e em sustentar esforços de impacto coletivo. 
No entanto, isso requer um tipo muito especial de líder, um que esteja focado intensamente em resolver um problema, mas disposto a deixar os participantes descobrirem as respostas por si mesmos, em vez de promover seu ponto de vista particular3. No caso da GAIN, quatro indivíduos com profunda experiência no campo de desenvolvimento – Bill Foege, o ex-diretor dos Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos, que é amplamente creditado pela erradicação da varíola, Kul Gautam, um alto funcionário da UNICEF, Duff Gillespie, chefe do Escritório da População e Nutrição da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (US-AID), e Sally Stansfield, uma das diretoras originais da Fundação Bill & Melinda Gates – reuniram-se com o objetivo de analisar oportunidades em larga escala para lidar com a desnutrição em populações em risco no mundo em desenvolvimento. Juntos, eles incentivaram a sessão especial da Assembleia Geral da ONU em 2002, levando à criação da GAIN e ao envolvimento subsequente de centenas de participantes governamentais, corporativos e sem fins lucrativos.
Em segundo lugar, deve haver recursos financeiros adequados que durem por ao menos de dois a três anos, geralmente na forma de pelo menos um financiador âncora engajado desde o início, e que pode apoiar e mobilizar outros recursos para pagar pelos processos de planejamento e estrutura necessários. A Gates Foundation, a Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional e a US-AID exerceram esse papel no caso da GAIN. No caso da Communities That Care, um subsídio federal concedeu o apoio plurianual necessário. O fator final é a urgência para mudança em torno de um problema. Uma crise criou um ponto de ruptura para convencer as pessoas de que uma abordagem inteiramente nova é necessária? Há potencial para financiamento substancial que possa atrair as pessoas a trabalharem juntas, como foi o caso no Condado de Franklin? Há uma abordagem fundamentalmente nova, como usar a produção, a distribuição e a criação de demanda do setor privado para atingir milhões de pessoas de forma eficiente e sustentável, como foi o caso da GAIN? Fazer pesquisas e divulgar um relatório que chame a atenção da mídia e destaque a gravidade do problema é outra maneira de criar o senso de urgência necessário para persuadir as pessoas a se unirem.
desenvolvimento de uma agenda comum bem definida, mas prática, pode parecer uma tarefa simples. No entanto, descobrimos que independentemente do problema e da geografia, os profissionais lutam para chegar a um acordo sobre uma agenda com clareza suficiente para apoiar um sistema de medição compartilhado e moldar atividades de reforço mútuo. Definir uma agenda comum requer, na verdade, duas etapas: criar os limites do sistema ou do problema a ser tratado e desenvolver uma estrutura de ação estratégica para orientar as atividades da iniciativa. Estabelecer os limites do problema é uma análise que deve se basear conforme o caso. Por exemplo, em outra iniciativa de impacto coletivo que se concentrou no abuso de substâncias por adolescentes, um conjunto intersetorial de partes 

SINOPSE: "GIFE apresenta: Filantropia Colaborativa - uma análise do terceiro setor brasileiro no pós-pandemia"

A filantropia colaborativa como abordagem que tem ganhado cada vez mais destaque onde a necessidade de maximizar o impacto social se tornou ainda mais premente.

Pensado para trazer à luz aos achados de pesquisa e insights valiosos apresentados por Erika Sanchez Saez, autora do livro "Filantropia Colaborativa", organizado pelo GIFE, o webinário ofereceu uma valiosa contribuição para a metodologia de impacto coletivo ao explorar a fundo o potencial da filantropia colaborativa e suas implicações no terceiro setor brasileiro em um contexto pós-pandemia.

Abrindo as portas para uma conversa abrangente e enriquecedora sobre como empresas e instituições podem aprimorar a forma como direcionam seus recursos para causas sociais. Erika Sanchez Saez compartilhou uma análise aprofundada baseada em sua pesquisa, que serviu como base para a publicação mencionada.

O cerne da discussão concentrou-se na colaboração intencional como uma abordagem fundamental para otimizar os recursos destinados a iniciativas de impacto social. A palestrante explorou como a colaboração estratégica entre diferentes atores do terceiro setor, empresas e instituições pode ser um catalisador para resultados mais efetivos e transformadores. A pesquisa de Erika Sanchez Saez forneceu uma visão prática e fundamentada sobre como as parcerias colaborativas podem ser implementadas de maneira eficaz, resultando em um impacto positivo mais significativo.

O Webinário não apenas destacou os desafios e oportunidades associados à filantropia colaborativa, mas também ofereceu insights sobre como essa metodologia pode ser aplicada de maneira prática e adaptada ao contexto brasileiro, especialmente considerando o cenário pós-pandemia.

A contribuição para a metodologia de impacto coletivo proveniente deste Webinário é inestimável. Ao compartilhar conhecimento e experiência, Erika Sanchez Saez e o GIFE forneceram às organizações e filantropos uma visão mais profunda sobre como a colaboração intencional pode ser uma abordagem transformadora na busca por soluções eficazes para os desafios sociais enfrentados pelo Brasil e pelo mundo.

Em resumo, o Webinário "GIFE Apresenta: Filantropia Colaborativa" trouxe uma valiosa contribuição para a metodologia de impacto coletivo, ao explorar as vantagens da colaboração intencional no contexto do terceiro setor brasileiro no pós-pandemia. Os achados de pesquisa e análises apresentados continuam a inspirar e informar ações futuras que visam criar um impacto social positivo e duradouro.

SINOPSE: "Colaboração em tempos de crise"

Impacto coletivo como estratégia de enfrentamento à pandemia

O IDIS reuniu sua equipe, em março de 2020, para pensar em como enfrentar as adversidades que atingiram as populações mais vulneráveis na pandemia, especialmente para fortalecer a área da saúde. A criação de um fundo teve a adesão das organizações Movimento Bem Maior e a plataforma Bsocial, que conseguiram atrair doadores, com aportes diversos. Também contaram com a parceria da Sitawi Finanças do Bem, que organizou toda a parte jurídica e financeira da ação, além da Synergos e do GIFE, que apoiaram a divulgação da iniciativa.

“Elegemos, por meio de um comitê técnico, 59 hospitais filantrópicos, em regiões mais vulneráveis, um centro de pesquisa e uma organização social para receberem os recursos. O fundo foi desativado depois de pouco mais de 200 dias de seu lançamento, porque percebemos que havíamos cumprido o nosso objetivo para aquele momento da pandemia. Conseguimos atrair mais de 10 mil doadores, recebemos mais de 40 milhões de reais, beneficiando 53 municípios de 25 estados brasileiros. Entregamos 3,7 milhões de equipamentos de proteção individual, 3.621 equipamentos hospitalares e 362 mil testes, além de medicamentos e insumos. Por fim, como resultado de todo esse processo, elaboramos um relatório e um vídeo que explicita o passo a passo de como criar um fundo emergencial, a partir de nossa experiência”, conta Paula, do IDIS.
“A gente enfrenta muitos desafios nessa construção coletiva, mas não tenho dúvidas de que é muito mais potente e que nos leva bem mais longe, com impactos sistêmicos e duradouros", disse Paula Fabiani, CEO do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento (IDIS)

Para ela, alguns aspectos precisam ser levados em conta para que ações como esta sejam mais assertivas: definir um foco, uma prioridade; criar instrumentos legais para garantir a confiança do doador; elaborar uma estratégia de comunicação robusta, envolvendo diferentes atores que tenham credibilidade e influência junto à opinião pública; e elaborar um relatório completo e detalhado de prestação de contas.

Ação na pandemia com foco na questão racial

Ian Bautista, da Greater Milwaukee Foundation, compartilhou a experiência do grupo formado na sua cidade que, além de enfrentar os desafios da pandemia, para garantir melhores condições de saúde e bem-estar à população local, focou na questão do racismo, após o assassinato de George Floyd e Jakob, dois negros dos Estados Unidos. As ações de enfrentamento envolveram diferentes atores, desde os que estão nas comunidades, nas organizações sociais, lideranças locais, até os que fazem parte dos governos, com foco na população negra, que é maioria na cidade.
“Nós sabemos que não teremos sucesso na região, a não ser quando garantirmos a igualdade de oportunidades. Por isso, a nossa abordagem é focada na igualdade racial", assinala Ian Bautista, da Greater Milwaukee Foundation.

“Nosso propósito é alinhar fundos, recursos, produtos e serviços essenciais para vencer os desafios da pandemia, a recessão e a injustiça social, influenciando as políticas públicas. Pessoas de diferentes setores são essenciais na composição da equipe para que possamos alcançar nossos objetivos. Enfrentamos muitos obstáculos até chegar no que somos hoje. O primeiro deles foi conseguir reunir líderes e organizações, especialmente os ligados aos governos. Tínhamos muitas pessoas e instituições querendo doar recursos e serviços, mas faltavam estrutura e logística para recebê-los. Precisamos construir essa estrutura e a confiança no nosso trabalho, questões nas quais continuamos focados. Estivemos por trás dos dois fundos criados pelo governo dos Estados Unidos para apoiar as populações mais pobres”, contou Ian.

O grupo também viabilizou a distribuição de quatro milhões de máscaras e criou um portal para divulgar informações sobre a pandemia, além de postos de trabalho, ajuda financeira e outras questões emergenciais para a população local. Coordenou fundos filantrópicos para a captação de mais de 50 milhões de dólares que serviram como subsídio a ações de enfrentamento à pandemia. O aprendizado dessa primeira etapa foi utilizado na segunda fase de ações, com a estruturação de um projeto junto ao governo federal, o American Rescue Plan Act (Arpa), com o apoio de especialistas em impacto coletivo.

Combate a fome como ponto de partida

Na Colômbia, a partir de março de 2020, a população se manteve isolada, em suas casas. Com o tempo, panos vermelhos começaram se serem colocados nas janelas e portas das casas, indicando que aquelas famílias estavam passando fome. Pessoas que têm muita experiência com a área social, desde empresários e mídia a membros de associações, instituições da sociedade civil e cidadãos começaram a se comunicar por meio de grupos de WhatsApp para articular maneiras de ajudar as pessoas e situação vulnerável. Hoje, todos se comunicam em um grupo só, com cerca de 400 membros, que passou a ser chamado de movimento Colombia cuida da Colombia.

Inicialmente unidos para achar soluções de combate à fome, o movimento também se dedica a resolver desafios que foram ampliados pela Covid-19, mas que já eram questões sociais significativas à realidade do País, como a pobreza.

“Os 400 parceiros e milhares de voluntários juntaram forças e conseguiram arrecadar dois milhões de dólares, beneficiando 30 dos 32 estados colombianos, levando alimento à mesa de três milhões de pessoas, por meio de doações, geração de emprego e novos empreendimentos. Levamos educação remota e saúde a lugares que não tinham acesso a esses serviços. Nosso objetivo é cobrir lacunas e, para isso, conversamos com as comunidades e com parceiros para traçar planos conjuntos que solucionem os problemas, construindo agendas locais. Elaboramos sistemas ágeis, como um aplicativo que promove o aproveitamento de alimentos, evitando desperdícios, a fim de suprir a falta de comida em famílias de regiões mais pobres. Conseguimos entregar cinco toneladas de comida em um ano. Atualmente, estamos trabalhando com segurança alimentar, projetos produtivos, soluções para o tratamento de água, geração de energia solar e acesso à internet e à tecnologia”, compartilhou Constanza.
“Quando trabalhamos com parceiros, o que incomoda, aquilo com que não se concorda precisa ser colocado na mesa. Para construir a confiança é importante trazer essas diferenças de maneira aberta e negociar os interesses de forma transparente”, comenta Constanza Gómez Romero, diretora executiva da Colombia Cuida da Colombia.
Para ela, além de estruturar uma relação de confiança com a comunidade, para que as ações possam ser pensadas horizontalmente, é preciso que se estabeleçam estratégias claras, que partam de uma agenda comum, que se paute em planejamento e na estruturação de grupos de trabalho, que contem com uma coordenação efetiva e com muita paciência e esperança.

SINOPSE:  "Experiências que transformam populações vulneráveis e invisibilizadas"

Impacto coletivo com pessoas e comunidades no centro das ações e soluções 

A mediação deste painel foi feita por Lívia Lima da Silva, jornalista,cofundadora e editora do “Nós Mulheres da Periferia”. Ao lado dela, o Fórum recebeu representantes de iniciativas de impacto coletivo implementadas nos EUA (Texas e Havaí), na Índia e no Brasil.

A primeira a expor a experiência foi Laura Koening, diretora de soluções comunitárias da E3 Alliance. Ela apresentou o projeto que utiliza dados, evidências e atuação colaborativa para melhorar a aprendizagem dos alunos e diminuir as desigualdades, da infância à idade adulta, em Austin, no Texas.

O projeto “Os caminhos de matemática”, implementado em 2017, pretendia ajudar estudantes a avançarem na aprendizagem, já que apresentavam baixa performance na disciplina, o que tende a afetar a mobilidade dos alunos nas suas vidas produtivas no futuro. Mas havia disparidade no progresso desses estudantes. Negros e negras não conseguiam chegar ao resultado esperado, em comparação com estudantes brancos. Por isso, o grupo gestor se reuniu para identificar o que gerava essa desigualdade, fez uma pesquisa com os grupos interessados e criou recomendações para uma política local e para mudanças práticas. “Isso apoiou e engajou alunos e famílias e a gente rastreou esses dados ao longo do tempo. Hoje a maioria dos estudantes negros (mais de 80%) estão dentro dos resultados esperados de aprendizagem. Em 2018, esse índice era de 20%”, explicou Laura.

O segundo case foi apresentado por Maria Bystedt, líder de estratégia da H&M Foundation, e Akshay Soni, diretor do The Nudge Institute., organizações que compõe a iniciativa Saamuhika Shakti, em Bangalore, a primeira ação de impacto coletivo na Índia. O projeto conta com várias organizações implementadoras que se uniram para garantir aos catadores de recicláveis uma vida digna e renda segura, com foco específico em gênero e equidade.

Lançado em 2021, tem como um dos pilares a cocriação de soluções com os atores que vivem nesses sistemas e com organizações que já trabalhavam de forma holística para atender as necessidades dos catadores. O Nudge Institute é a organização alicerce, responsável pela coordenação da parceria. “Queremos aliviar problemas que são intangíveis e isso coloca a equidade no centro. Trabalhamos com parceiros e comitê diretor, todos representados na mesa de diálogo. Queremos garantir que todo mundo tenha igual acesso à saúde e cuidar dessa população, por isso, cada parceiro faz suas intervenções e pautam suas iniciativas com base nos feedbacks obtidos nas reuniões com a comunidade”, explicou Akshay.

Para trabalhar a igualdade de gênero, cada parceiro faz a sua abordagem para depois, todos juntos, cocriarem estratégias e customizar as soluções para gerar a transformação pretendida. Uma das ações foi a campanha “Das garrafas para os botões”. Cada botão de roupa é feito de 30% de plástico reciclável. Os catadores recebem pela coleta desses botões, o que aumenta muito a renda. “Também estamos explorando modelos de negócios conduzidos por catadores de lixo para a reciclagem”, reforçou Maria.

O terceiro case foi apresentado por Janice Ikeda, diretora-executiva da Vibrant Hawaii, uma experiência de implementação de microfinanciamentos para gerar oportunidades de desenvolvimento econômico ao povo indígena nativo do Havaí.

Com base em dados, a organização definiu o perfil da população da ilha, que possui um alto nível de pobreza e de pessoas que não conseguem acessar necessidades básicas. Envolveram governo, organizações filantrópicas, áreas da educação e do serviço social e pessoas interessadas em apoiar o desenvolvimento local. Também escutaram a população para começar a construir uma comunidade vibrante. “As pessoas não precisam ouvir o que elas precisam fazer, elas só precisam ser lembradas de quem são e a gente viu essa questão em diferentes narrativas dentro da comunidade”, explicou Janice.

As principais áreas trabalhadas para o desenvolvimento do Havaí são educação, economia, saúde e bem-estar. Na economia, reuniram mais de 300 stakeholders de todos os setores e distritos da ilha, para projetar uma estratégia econômica abrangente que fosse levada ao órgão federal, garantindo repasses que atendessem às expectativas e necessidades da população havaiana. “A comunidade participou de uma conversa sobre o que deveria ser incluído como prioridade para investimentos econômicos. Definimos, conjuntamente, que queríamos recursos para artes, saúde e bem-estar, educação, indústrias alimentícias sustentáveis, tecnologia e turismo regenerativo. Tudo foi incluído em um documento robusto, compartilhado com a comunidade. Oferecemos prêmios de até 2 mil dólares para a população dar sugestões sobre como trabalhar os temas solucionados. Tivemos dois grupos formados por 40 empreendedores e conseguimos mais investimentos com os governos”, contou.

O último painel foi sobre a experiência brasileira, apresentada por Thais Ferraz, diretora institucional do Instituto Arapyaú, para desenvolver a região do litoral sul baiano, onde o cacau é produzido.

“As árvores de cacau convivem com árvores nativas da Floresta da Mata Atlântica, o que requer uma série de serviços ambientais que são providos por esse sistema, mas que não necessariamente geram renda para as populações. A produção se dá, na sua maior parte, por meio da agricultura familiar. A partir de vários estudos desenvolvidos em colaboração, identificamos que os produtores têm uma renda abaixo do que acreditamos ser suficiente e aceitável e uma produtividade também abaixo do que eles podem alcançar. Uma das causas desse problema é a falta de acesso ao crédito”, explicou Thais.

Uma rede de parceiros estruturou o modelo de crédito em um blended finance, em que o capital filantrópico ajuda a estruturar e atrair investimentos que buscam retorno, conseguindo mobilizar mais de R$1 milhão para beneficiar 134 pequenos produtores, viabilizando a oferta de assistência técnica para eles. “Um ano depois, obtivemos um aumento de renda média de quase 40% para cada produtor. Entre as mulheres esse aumento foi ainda maior, de quase 44%, com uma inadimplência de apenas 0,48%”, celebrou.

O Instituto Arapyaú ajudou a desenhar a iniciativa e fez o investimento filantrópico. Com o Instituto Humanize e especialistas na área ambiental desenharam o produto financeiro, denominado Título Verde. A operação é feita por uma organização comunitária que tem um profundo conhecimento do território, o que garante o sucesso da iniciativa. “A conexão com o público-alvo é muito importante. Ouvir as pessoas que estão sendo impactadas por essa iniciativa é fundamental”, concluiu. 

SINOPSE: "O papel das empresas no Impacto Coletivo: uma relação com a agenda ESG"

Desafios e oportunidades para potencializar iniciativas sociais colaborativas

Este painel foi mediado por Silvana Caro, diretora-executiva da consultoria de sustentabilidade Soluciones Conjuntas, especializada em relacionamento estratégico e gestão de alianças, no Peru. Os painelistas convidados compartilharam o potencial e a importância das empresas na articulação e/ou apoio de inciativas de impacto coletivo.

Professor Heiko Spitzeck, Gerente do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, introduziu o tema trazendo conceitos e práticas que relacionam a participação das empresas nas mudanças sistêmicas, alavancando a agenda ESG.

Usando exemplos práticos, de corporações de grande porte, ele levantou reflexões importantes como a necessidade de as pessoas que atuam na área de responsabilidade social criarem um sentido econômico para as empresas se engajarem na agenda ESG. Por exemplo, os riscos de perderem clientes e acionistas por não estar em acordo com questões socioambientais consideradas primordiais atualmente. “A lógica aqui, muitas vezes, é de uma pressão que a empresa tem para resolver um problema socioambiental e ela entende que não é um desafio somente dela, mas de outras organizações também e, juntas, podem colaborar para superar esse desafio”, explicou.

Depois dessa fala, Gianina Jimenez, Head de Comunicação, Sustentabilidade e Assuntos Corporativos do Grupo AJE, do Peru, produtora de alimentos presente em quatro países, apresentou o case de sua empresa.

Desde 2019, a AJE assumiu a missão de liderar uma revolução natural para mudar a forma como as pessoas se relacionam com o que o planeta fornece, reforçando o valor da biodiversidade e o legado cultural dos países onde estão presentes, por meio do empoderando das comunidades. Para isso, desenvolveram o projeto Super Frutos que Conservam Florestas, que oferece formação, assistência técnica e organização dos produtores, com remunerações justas pelo trabalho e pela produção. “É bom para o meio ambiente, porque estamos preservando as áreas de reserva nacional, e, também, é bom para quem consome, porque aproveitamos todos os benefícios dos frutos da Amazônia. Por meio do projeto, conseguimos comprar mais de 700 mil quilos diretamente dos produtores, beneficiando mais de 200 famílias, capacitando 24 comunidades e provendo quatro áreas naturais protegidas”, explicou. Toda a operação é feita por meio de parcerias com organizações e o governo peruano. O modelo deu certo e está sendo implementado na Tailândia, onde a empresa tem sede.

Para encerrar o painel, e o primeiro dia do Fórum, Maike Von Heymann, Gerente de Parceria e Desenvolvimento Socioeconômico da Anglo American, compartilhou a experiência da empresa britânica de mineração com operações na África do Sul e na América Latina. “Temos uma rede de sustentabilidade e um dos eixos-chave é o que chamamos de ‘Desenvolvimento Regional Colaborativo’, uma plataforma colaborativa para impulsionar as regiões onde temos sedes. A plataforma foi projetada com base nos princípios do impacto coletivo atuando com uma rede de atores diversos: setores privado e público, sociedade civil, ONGs e instituições que possuam a mesma visão de desenvolvimento socioeconômico”, explicou Maike.

Segundo ela, a empresa tem uma visão de longo prazo e para além das operações de mineração, focando na diversificação econômica com utilização e reaproveitamento da inovação, tecnologia e do valor agregado a todos os atores participantes.

No Peru, essa plataforma foi implementada em 2019 e se chama Moquegua Crece. Na tomada de decisão, todos os parceiros têm o mesmo peso de voto. “Estamos implementando projetos de desenvolvimento de cadeias de valor com um foco de hidrogênio verde e fizemos uma pesquisa com uma associação no Peru. Sobre o uso dos recursos naturais, focamos na água com o lançamento de um projeto-piloto para o manejo sustentável dos recursos hídricos. Para nós, é muito importante que façamos essas ações colaborativas vinculadas ao nosso propósito de reconfigurar o setor da mineração para que consiga melhorar a vida das pessoas, criando benefícios para todos os atores”, concluiu.

Durante os painéis do primeiro dia, a audiência pode interagir com os temas, construindo nuvens de palavras, contando histórias pessoais relacionadas ao impacto coletivo e respondendo ao quizz, além de encaminhar perguntas aos palestrantes.

SINOPSE: "GOYN: Inovação na inclusão produtiva de jovens potência ao ter o público alvo de iniciativas do Impacto Coletivo como protagonistas"

Impacto coletivo e a empregabilidade das juventudes periféricas

O primeiro painel do dia apresentou o movimento internacional Global Opportunity Youth Network (GOYN), na voz de jovens-potência, protagonistas da iniciativa em suas cidades, e coordenadores locais.

A conversa foi introduzida por Joel Miranda, diretor senior de desenvolvimento e lideranças do Aspen Institute, organização que idealizou o GOYN. Ele compartilhou dados sobre a situação das juventudes. “Temos 1.8 bilhão de jovens no mundo e 90% deles vivem em países com economias em desenvolvimento. Deste 1.8 bilhão, 380 milhões de jovens não estão conectados com a educação e o trabalho formais; 70 bilhões estão desempregados, sendo que três dentre quatro jovens são mulheres. Os empregos formais estão sob risco, porque milhares de empresas foram impactadas negativamente pela pandemia da Covid-19”, alertou Joel.

Segundo ele, o GOYN trabalha com organizações-âncora para criar oportunidades a jovens de 15 a 29 anos que estão na escola ou procurando emprego ou que estão fora do mercado de trabalho. Para os próximos 10 anos, a meta é criar uma mudança nesse cenário mundial que possa impactar 350 mil jovens e melhorar a vida de milhões delas e deles, até 2030. O GOYN atua por meio de parcerias com jovens, comunidades, empresas, organizações públicas e privadas e, atualmente, está em nove cidades de sete países na América Latina, África e Índia, tendo conectado mais de 100 mil jovens com oportunidades de desenvolvimento.

“Investimos na formação para que jovens se organizem e levem suas vozes aos espaços mais necessários. Apoiamos diálogos para a criação de soluções e conectamos líderes do GOYN por meio de uma rede de parceiros institucionais. Tudo isso se baseia no pilar da equidade, tendo as juventudes como cocriadoras das soluções e estratégias”, reforçou Joel, que convidou membros do GOYN para contarem suas experiências em seus países.

Maria Paula Macías, coordenadora de Impacto Coletivo no GOYN Colômbia, mostrou a importância de se vencer barreiras e pré-julgamentos sobre jovens, vistos com certa reserva pelos adultos, para a construção coletiva de soluções que os preparem para liderar suas comunidades. “Em Bogotá, juntamos adultos que muitas vezes têm medo de se unir aos jovens em todos os processos. É essencial que sentem todos à mesa, porque, se não fizermos isso, não saberemos exatamente quais são as demandas das juventudes. Dentre as ações que estamos realizando coletivamente, iniciamos um projeto com a Fundação Corona de um laboratório de inovação social com curso de oito meses para jovens desenvolverem suas habilidades de liderança, de advocacy e de comunicação”, explicou.

Sobre a atuação no México, Jaqueline Garcia Cordero, coordenadora de liderança no GOYN México, conta que a cocriação é a chave do sucesso. “Estamos trabalhando em uma ferramenta que chamamos de Toolkit, um fundo que pretende financiar projetos impulsionados por jovens para desenvolverem suas comunidades. Contamos com diferentes comunidades da rede global, em São Paulo, Bogotá e nas comunidades da Índia, tendo como membros jovens do Núcleo Jovem e juventudes vinculadas a outras organizações que integram a rede. A ferramenta ajuda a elaborar projetos e integra diferentes perspectivas. É muito interessante perceber a multiculturalidade dentro desse contexto, colocando todos juntos para pensar soluções. A ferramenta é acessível para todes, inclusive para jovens com deficiência visual e auditiva”, contou.

Nilton Clécio, coordenador de território no GOYN São Paulo, e Jonathan Sales, do Núcleo Jovem, compartilharam as experiências do movimento em São Paulo, onde o GOYN é articulado pela UWB. “Temos 50 Embaixadores do GOYN SP, que passaram por um processo de formação com parceiros técnicos para trabalhar o autoconhecimento, suas características e habilidades, fortalecer a comunicação para dialogar com outros jovens e pessoas de seus territórios e com organizações importantes à causa, tendo conhecimento também da máquina pública. Eles ‘vestem a camisa’”, explicou Nilton.

Outra ação em São Paulo é o Micro Fundo. “A gente atua com jovens de coletivos das zonas sul e leste, onde está o maior número de jovens-potência, que, de fato, precisam de apoio. E o nosso apoio aos coletivos é recurso financeiro e formação. Essas e esses jovens também desenvolveram uma rede de contatos, habilidades de empreendedorismo e de gestão de projetos para colocar suas iniciativas de pé e funcionando”, contou Jonathan.

Para Joel, se queremos avançar com a inclusão produtiva das juventudes, é preciso praticar o diálogo e a escuta. “Faça perguntas, aprenda com os jovens e como eles querem se envolver, crescer e se desenvolver. É nosso objetivo e nossa missão como adultos ajudá-los nisso”, finalizou.


SINOPSE: "O papel das organizações que atuam como backbone em projetos de Impacto Coletivo"

Articulando a agenda comum de impacto coletivo com organizações de espinha dorsal

Jennifer Splansky Juster, diretora-executiva da FSG, e diretora do Colletive Impact Forum, foi a responsável por mediar este painel e fazer uma introdução para conceituar o papel desses atores no contexto de ações pautadas pela metodologia impacto coletivo.

As instituições backbone têm o papel de guiar a visão e a estratégia da ação colaborativa. Elas dão apoio ao trabalho e às atividades que estão acontecendo no campo. Estabelecem práticas de medição compartilhada para coletar e reunir dados com o objetivo de acompanhar o progresso e mostrar para as organizações e a comunidade o que está acontecendo. Também influenciam políticas públicas e políticas internas das organizações. Elas mobilizam recursos para realizar o próprio trabalho e para apoiar as iniciativas realizadas com outras organizações. “É importante ressaltar que as organizações backbone devem garantir que os membros da comunidade realmente estejam envolvidos, não só informando o que está acontecendo, mas cocriando todo o trabalho”, explicou Jennifer.

Com relação aos dados, eles são essenciais na tomada de decisões e nos ajustes de percurso das ações de impacto coletivo, como afirmou Adrienne Abbatte, diretora-executiva da Staten Island Partnership For Community Wellness, sediada nos EUA, que trouxe para o diálogo a experiência do projeto Tackling Youth Substance Abuse (TYSA). A iniciativa é uma coalizão para garantir saúde física e mental à população de Staten Island. “O projeto existe há mais de 10 anos, criado para atender ao crescente risco de morte por doenças crônicas entre os adultos. Fomos evoluindo conforme a percepção e dados trazidos pelo monitoramento. Em 2019, vimos que a fragilidade da saúde mental estava relacionada com as doenças, por isso, incluímos esse aspecto no projeto. Identificamos que esse problema impactava populações diferentes de formas diferentes, por exemplo, os adultos negros tinham mais tendência a desenvolver doenças crônicas. Começamos, então, a focar nesses públicos. Isso nos levou a focar no antirracismo, o que exigiu muita capacitação e envolvimento de parceiros. Temos agora um grupo de jovens dedicados à causa, grupos de pessoas LGBTQIA+. Tudo isso foi nos conduzindo a novas abordagens não só no TYSA, mas em outros programas que implementamos”, explicou.

Envelhecer com dignidade é o foco de um dos projetos desenvolvidos pela San Antonio Area Foundation, sediada no Texas (EUA), que reúne mais de 500 fundos financeiros e mais de 1 bilhão de dólares em ativos. Patricia Mejia, vice-presidente de envolvimento da comunidade e impacto, contou que, em San Antônio, 75% da população é formada por latinos e 7% são afrodescendentes. Há muita disparidade na comunidade e, com base em conversas e pesquisas, resolveram investir em ações de impacto coletivo para melhorar as condições de pessoas na terceira idade, para que possam envelhecer com dignidade e segurança. O trabalho começou em 2016 e houve muito progresso desde então. “Temos mais de 40 organizações com mais de 100 pessoas desse público-alvo ajudando a gente a pensar em soluções para suas necessidades, desde mobilidade à moradia adequada, com acessibilidade. Nossas ações buscam influenciar políticas públicas”, explicou.

O case “Primero Lo Primero”, programa para promover o desenvolvimento de crianças colombianas na primeira infância, que usa a metodologia impacto coletivo, foi apresentado por Cristina Gutierrez De Piñeres, CEO da UW Colômbia. Ela contou que, em um primeiro momento, um dos parceiros assumiu a função de backbone, mas, com a experiência, resolveram que era melhor delegar essa função a um time.

“Trouxemos a equidade no trabalho com a primeira infância levando um olhar sistêmico na atuação direta com diferentes atores, ou seja, as crianças, os cuidadores, as famílias, os agentes e as instituições educacionais, lideranças da comunidade e formadores de opinião. As organizações que atuavam com a primeira infância tinham as suas agendas e foi bem difícil criar uma agenda comum, demandando muitas conversas e flexibilizações para conseguir chegar a mais de meio milhão de pessoas em quatro territórios da Colômbia. Hoje sabemos que o modelo de backbone que utilizamos foi um dos principais fatores de sucesso nesse processo, porque nos ajudou a ter clareza da estrutura de governança e da liderança da organização desse time”, pontuou.

"Impacto Coletivo: para entender a metodologia"

Trilhando um futuro com diversidade de atores sociais que cocriam o impacto coletivo com inovação social

No último painel do Fórum, Ronaldo Matos, fundador do movimento Desenrola e Não me Enrola , mediou o diálogo, recebendo David Nemer, professor-assistente no departamento de estudos de mídia e no programa de estudos latino-americanos da Universidade de Virgínia, e Selma Moreira, vice-presidente de diversidade, equidade e inclusão LATAM, na JP Morgan.

“No diálogo de hoje, vamos tecer uma série de avaliações e compartilhar experiências sobre um futuro coletivo, um futuro em que a gente engaje, onde a gente tenha uma diversidade de atores sociais construindo uma sociedade mais igualitária”, disse Ronaldo para abrir a conversa, compartilhando diferentes dados que mostram a necessidade urgente de avançarmos nesse propósito.

No Brasil, 56,1% da população se autodeclara negra. No país, o celular é a principal ferramenta de acesso à internet para 99,5% dos domicílios brasileiros. Nas regiões com alta taxa de vulnerabilidade social, o celular é a única ferramenta de acesso à internet para 70% das pessoas. No Jardim Ângela, bairro periférico de São Paulo, existem 1,4 antenas de telefonia móvel para cada 10 mil habitantes, enquanto o Itaim Bibi, região nobre da cidade, são 49,8 antenas de telefonia móvel para o mesmo montante de moradores.

Diante destes e outros dados, Selma coloca a sua visão sobre como governos, empresas e organizações do campo de investimento social privado podem trabalhar pela equidade racial. “É muito complexo. A gente tem mais tempo de país com uma história escravocrata do que de um país liberto. Isso ainda está nas nossas entranhas de diferentes formas. Acho que todos aqueles que decidem ter uma postura intencional antirracista, agora precisam agir. Ou seja, me coloquei nesse lugar, qual é a minha ação? É do micro, de como você lida no dia a dia com as pessoas ao seu redor, na sua rede, com as pessoas que trabalham com você, quando você toma uma decisão num escopo maior de uma organização privada governamental ou social. Como é que você desenha os seus programas, se você está colocando intencionalidade para provocar a mudança que é necessária e urgente”, reforçou.

David falou sobre as principais transformações que ele considera necessárias para incluir a população negra como produtora de novas tecnologias, capazes de transformar e de combater as desigualdades sociais nos territórios. “As empresas de tecnologia precisam abrir espaço para não encarar essa população como meros consumidores, mas sim como produtores e trazê-los pra mesa onde as decisões são tomadas, discutindo design, desenvolvimento, mercado para que negras e negros possam trazer a visão de seus mundos, sua expertise, todo o conhecimento que, muitas vezes, não é entendido como um conhecimento válido porque está fora, porque está na periferia”, concluiu.

Saiba tudo o que aconteceu no primeiro dia do Fórum, painel por painel, acessando aqui a matéria completa. Continue acompanhando as redes sociais da UWB para participar de novos debates e ações sobre a metodologia impacto coletivo.